quinta-feira, novembro 22, 2007

Por que eu gosto de Rock

Hoje é dia da música! Já ia escrever o texto a seguir de qualquer jeito, mas foi legal a coincidência.

Eu me considero uma pessoa eclética em termos musicais. Pra mim, o fato de uma música ser boa ou ruim não tem a ver com o gênero musical. Eu já escrevi um bom post a respeito disto há alguns anos. Pois bem. Mesmo assim, 95% do que eu ouço é rock, em todas as suas vertentes. Eu sempre me perguntei o porquê disto, já que esta minha preferência não é algo pensado ou mesmo voluntário.

Em parte, o meu gosto por rock é explicado pelo fato de os meus melhores amigos gostarem de rock (exceção feita ao Carlos Alberto). Esta é, na verdade, uma explicação genérica pra qualquer preferência que uma pessoa tenha: o grupinho sempre tende a se influenciar para que todos tenham os mesmos gostos. Porém, isto não explica tudo. Eu tenho uma atração muito grande pelo rock, um prazer verdadeiro em ouvi-lo. Algo meio inexplicável que mexe comigo profundamente.

Acho que qualquer tentativa de explicar o porquê de eu gostar de rock não será capaz de o fazer por inteiro. Mesmo esta, que me surpreendeu por parecer bem próxima da verdade. Mas estava pensando anteontem em como o rock é capaz de transmitir tão facilmente sentimentos a quem o ouve. Já no dia seguinte, na hora do almoço, eu estava pensando em outra coisa: por que o Daniel gosta de Raimundos, que é besteirento, mas não gosta de funk justamente porque é besteirento. Aí eu pensei que Raimundos era besteirento mas havia ali uma certa inteligência escondida no meio das letras, ao contrário da maioria dos funks. E então me veio o estalo, que costurou uma coisa na outra: eu gosto de rock porque este gênero é um dos poucos que consegue misturar inteligência com sentimento.

A inteligência no rock, reconheço, não é tão evidente nem tão buscada como em outros gêneros, tais como a MPB e o jazz. Por outro lado, a inteligência do rock não precisa ser pedante (embora algumas vezes o seja). Outros gêneros que prezam mais pela inteligência costumam sofrer deste mal.

O único outro gênero que consegui me lembrar que também mistura inteligência com sentimento é a música erudita. Mas ali o sentimento existe, mas é intelectualizado. Não é algo cru e tão intenso e direto como no rock.

Enfim, eu gosto de músicas que passam sentimento. Gosto de músicas inteligentes. Mas quando estes dois elementos se unem, eu gosto ainda mais. Por isto o rock é a trilha sonora da minha vida.



Depois desta conclusão, eu cheguei a uma explicação do porquê de eu não gostar de quase nada do rock produzido no Brasil recentemente. É que está faltando inteligência a estas bandinhas novas. Faltando mesmo. O último sopro de inteligência do rock nacional veio de uma banda chamada Los Hermanos que, de tão inteligentes, seus ex-integrantes acabaram virando MPBistas.

Mas a Água em pó vai acabar com esta situação!



Ouvindo: A discografia do The Mamas & The Papas, menos o último álbum, que não conta. Mas vou ouvi-lo também, por completude.

3 comentários:

Thaís disse...

Nossa.. ótimo post!
Antes de tudo, parabéns por fazer um post enorme e me deixar curiosa a ponto de ler até o final.

Agora, ao comentário propriamente dito:
De fato, há algum tempo não temos inteligência emocional (bah, gostou dessa? xD) associada ao rock em projeção nacional.
Eu ia defender que o Nenhum de Nós, banda aqui do RS consegue fazer música boa, mas hoje em dia o que eles fazem é mais pop do que rock e por escolha própria, eles já não se interessam em projeção nacional e preferem ficar principalmente na região sul, com esporádicos shows em outras partes do país.

Do que toca nas rádios, só ouço coisas cansativas, muita gritaria sem técnica nem letra nem coisa nenhuma! O que mais mobiliza no rock hoje em dia é a discussão vazia sobre quais bandas são emo e quais não são.
Sinto muita falta de uma época em que havia opções. Muitas eram ruins, mas havia opções. E não só em relação ao rock, tinha de tudo e em cada nicho se podia achar algo que valesse a pena. (Estou generalizando, mas não vou ficar citando cada tipo musical, então aceite a generalização, por favor! xD)

Hoje em dia, além de as músicas serem rasas, todas se parecem. Eu já não diferencio entre uma banda e outra. Pagode, sertaneja, rock, funk, forró, parece que só muda o ritmo, a falta de recheio é igual em todos...

E eu acho que não tenho UM ritmo preferido...Depende do humor, depende de tanta coisa...

Borges disse...

Nossa! A sua resposta também foi grande! Você deve ter passado um bom tempo digitando! Muito obrigado pela consideração!

Nenhum de Nós é da geração dos anos 80, que foi pródiga em bandas inteligentes, das quais eu destaco Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor e Legião Urbana (esta com um tipo de inteligência mais emocional que intelectual). Eu pessoalmente acho "Astronauta de mármore" um tanto forçado, mas ainda sim é legal e emocionante até.

Dos anos 80, duas bandas forçaram na inteligência: a concretóide Titãs e a aliterada Engenheiros do Hawaii ("O papa é pop / O pop não poupa ninguém").

Mas isto tudo é ainda melhor do que estas bandinhas pós-Charlie Brown Jr., que não têm o menor cuidado em dizer coisas com alguma profundidade. Quer passar emoção? Então diga coisas mais sinceras, mais originais, com algum sentido, não "Vou te levar, yeah / Te levar daqui".

Anônimo disse...

Tb gostei muito do post! ;)

Infelizmente, raramente ouço música, mas quando ouço, geralmente é mpb ou rock.

Realmente o "grupinho" influencia!
Quando lembro de momentos especiais com os amigos sempre me vem a mente uma rodinha, um violão...

Não tinha parado pra pensar que Rock é um tipo de música com inteligência + sentimento; boa sacada!