terça-feira, maio 18, 2010

Blog x Twitter

Me dá só um minutinho pra eu tirar as teias de aranha.

[Limpa. Limpa.]

Olá leitores deste blog. Se é que vocês existem. Estou de volta, e desta vez inspirado a escrever direto por algum tempo.

Vários motivos me fizeram parar de escrever neste blog. O principal deles foi a criação da minha conta no Twitter. "Twitter matou o blog", dizem alguns, e no meu caso isto foi verdade. Pelo menos por algum tempo.

É que, entre escrever textos longos que quase ninguém vai ler e notas curtinhas e não trabalhosas que possuem um público cativo, a minha escolha era óbvia. Microblog, que ideia genial. E Twitter não era só isto, era também a melhor rede social que já existiu, onde podia selecionar as pessoas com quem entraria em contato pelo conteúdo delas, não só pela fotinho bonita. Conheci gente por lá que são hoje em dia meus "amigos de Twitter", coisa que nunca fiz nos Orkuts da vida.

Só que... a verdade é que Twitter não é um microblog. Ele está mais para instantblog, digamos assim. Seu público é cativo, é verdade, mas eles só leem o que você escreve se por coincidência estiverem com o Twitter aberto naquele instante... isto se o seu tweet conseguir chamar a atenção no meio da enxurrada de outros tweets que vão aparecendo.

Moral da história (que só fui aprender estes dias): Twitter não substitui blog.

Ainda assim, continuo achando escrever em blog um tanto chato e, de certa forma, um exercício de futilidade. Twitter também é fútil, mas pelo menos é rápido e divertido. Por que voltar a escrever em blog então? Por um motivo: tem coisas que eu acho importante serem ditas, e não dá para dizê-las só no Twitter porque lá as coisas não ficam tão registradas (a tal parada do instantblog). Aqui, não, o que é dito está gravado em pedra para todos lerem.

Então é isto. Até a próxima!

domingo, janeiro 10, 2010

Vivo Twittando, uma análise

A Vivo lançou, no início de Dezembro último, um serviço de tuitagem para aqueles que, como eu, não possuem um smartassphone para tuitar de qualquer lugar (ou quando a luz acaba). Trata-se do Vivo Twittando, nome com o qual implico por causa da grafia, mas isto não vem ao caso agora. Sou usuário do serviço há mais de um mês e já tenho experiência o suficiente pra dar um fikdik pra quem estiver interessado.

O serviço funciona assim: o usuário da Vivo se cadastra no site http://tw.vivo.com.br/ — nada traumático, alguns cliques e só — e depois disto passa a poder tuitar do celular ao mandar SMS para 1010, ao preço de R$ 0,15 por tweet. O que não é um preço ruim, visto que esta é a tarifa mais barata dos pacotes de SMS da Vivo, o de 100 SMS/mês (e acima de 100 SMS você paga R$ 0,39 por cada um).

O plano básico, sem assinatura mensal, dá direito a receber 50 tuitadas por mês no seu celular. Assinando o serviço, você paga R$ 17,00 por mês mas não tem limite de quantas mensagens recebe. Você pode escolher o que quer receber: replies, direct messages e de quais pessoas você quer receber os tweets.

Convenhamos, 50 tweets por mês não dão nem pro início. Eu recebo uma média de 300 tweets por dia na minha timeline, logo seguir este povo todo no celular via SMS é impráticavel. Mas, mesmo se for seguir apenas meus usuários favoritos, como o @jcmulatinho, que tuitam em média 20 vezes por dia, terei esgotado a minha quota gratuita em menos de 3 dias. Então seguir pessoas pelo Vivo Twittando não é para durangos como eu.

Quanto aos replies, a mesma coisa. Eu costumo receber mais de 50 replies por semana. Portanto, não rola.

O que eu faço é deixar apenas o recebimento de direct messages ligado. Assim, recebo mensagens realmente importantes no celular e dificilmente ultrapasso o limite gratuito.

Talvez valha a pena, para os mais obcecados, pagar os tais R$ 17,00 pra Vivo, já que o recebimento é ilimitado e o custo é menor do que um pacote de dados. Mas, não sei. Receber muitos updates via SMS é chato. E afinal de contas, o serviço é pra gente de orçamento apertado, n'est-ce pas? 17 pilas por mês fazem diferença.

Bom, até agora só falei das vantagens e do lado financeiro da coisa. Vamos ao que interessa, que é a minha experiência de usuário.

Eu usei durante algum tempo o sms2blog, que é um bom serviço de tuitagem via SMS. Mas, atualmente, para os usuários da Vivo vale mais a pena usar o Vivo Twittando, por dois motivos: custo e possibilidade de receber tweets.

Porém, o serviço da Vivo às vezes me deixa na mão. Como no dia da "final" Flamengo x Grêmio, em que o serviço ficou indisponível. Isto se repetiu em mais duas ocasiões, não me lembro quando. Ao menos, a Vivo avisa quando não consegue postar no Twitter e faz o favor de não tentar tuitar o texto novamente, visto que algumas coisas só fazem sentido serem ditas no momento em que elas acontecem. Não sei se a Vivo cobra por estas mensagens não postadas. Não deveria, pelo menos.

Outro problema é que os tweets nem sempre são recebidos no celular na ordem que foram postados. Bem louco.

Mas o pior foi quando tentei usar o recurso de recebimento de tweets de forma inteligente. Eu pensei: "Vou ligar o recebimento de replies só quando eu for sair de casa. Assim, gasto menos o meu limite de 50 tweets por mês." Eu só não contava com a estupidez do sistema.

Deixa eu explicar o que acontece: vamos supor que dia 1º eu saia de casa e ligue o recebimento de replies. Beleza, todos os tweets citando @rborges chegam pra mim no celular neste dia. Chegando em casa, no dia 2, desligo o recurso. Ótimo, parei de receber replies no celular. Dia 6, resolvo sair de casa de novo e ligo novamente o recurso de recebimento de replies, esperando receber apenas os replies daí em diante. Mas o que acontece? Eu recebo TODOS os replies que mandaram pra mim entre os dias 2 e 6, ENTUPINDO a minha caixa de entrada de SMS e GASTANDO DE FORMA IMBECIL o meu limite de 50 tweets/mês =/

Por este motivo, não uso mais o recurso de recebimento de replies. Só DMs. Na prática, recebimento de replies só funciona bem pra quem é assinante e não tem limitação.

Porém, é melhor receber apenas DMs do que nada. Por isto, e pela simplicidade do cadastro e custo mais baixo, recomendo o Vivo Twittando a todos os usuários apertados da Vivo.

sábado, dezembro 12, 2009

Classificação dos miojos

Hoje rolou um papo no Twitter com os amigos @jcmulatinho e @thaisleao sobre quais são os melhores sabores de Miojo. Vou expressar aqui a minha opinião:


God tier

Miojo de Tomate da Turma da Mônica


Top tier

Miojo de Feijão Miojo de Carne com Tomate
Miojo de Bacon Miojo Cremoso de Picanha
Miojo Hot Calabresa Miojo Hot Mexicano
Cup Noodles à Bolonhesa Cup Noodles de Costela


Mid tier

Miojo de Galinha Caipira Miojo Talharim à Bolonhesa Miojo Talharim de Carne com Tomate
Cup Noodles de Carne Cup Noodles de Frango com Legumes Cup Noodles de Galinha Caipira


Low tier

Miojo de Carne Miojo de Galinha Miojo de Camarão
Miojo Talharim de Frango Miojo Talharim de QueijoMiojo Talharim de Brócolis ao Molho Branco
Miojo Cremoso de 4 Queijos Cup Noodles de Frango com Requeijão


Shit tier

Miojo de Legumes Miojo de Galinha com LegumesMiojo Cremoso de Pizza
Miojo Yakissoba Tradicional Miojo Yakissoba Oriental

domingo, outubro 04, 2009

Rio: realidade e ficção

Tenho visto muita gente falando no Twitter a respeito do Rio, por causa da escolha como sede das olimpíadas de 2016. Várias pessoas ironicamente sugerindo a indicação do vídeo oficial da campanha como melhor curta de ficção no Oscar. E muitas outras comentando como o Rio está em "estado de sítio", da violência que toma conta das ruas, ou fazem a velha piada das novas modalidades olímpicas no Rio, que seriam engraçadas se já não fossem recontadas desde a época da campanha Rio 2004 (antes da web 2.0, portanto).


O vídeo da campanha


Pois bem. Não sou do tipo que não entende que uma coisa é piada, portanto o que vou dizer aqui não tem a ver com os tweets irônicos em si (mesmo com os sem graça). Mas reconheço que me incomodo com o fato de algumas pessoas realmente acharem que só de pisarem no Rio de Janeiro estão assinando uma sentença de morte. Tem gente que acha mesmo que é preciso desviar de balas perdidas e cadáveres quando se anda nas calçadas, que ir à praia é pedir pra sofrer um arrastão ou que se andar sozinho no ônibus vai inevitavelmente ter uma arma apontada na cara. Nada mais absurdo.

O fato é que o vídeo da campanha não é menos real (ou "mais ficção", se preferir assim) do que a impressão que se tem de que o Rio é a capital da violência, terra sem lei. Tudo o que foi exibido no vídeo acontece diariamente na paisagem carioca. Não era preciso nem encenar (exceto os anéis olímpicos na praia, claro). O Rio é uma cidade linda, culturalmente rica, de um povo alegre e cordial, multifacetada, cheia de lugares e coisas interessantes para ver. A violência é um problema grave e real, sim. Mas não é, como muitos são levados a pensar, algo que tome conta da vida do carioca, a não ser, infelizmente, da parcela da população que vive em zonas de conflito de tráfico. O medo, a sensação de insegurança, estes sim tomam conta de nossas vidas. A causa deste medo são os episódios reais de violência a acontecer conosco, com nossos amigos e vizinhos (mais frequentes do que se pode aceitar, mas menos do que se imagina de fora) e a louvavelmente ampla, embora algumas vezes sensacionalista, cobertura da imprensa.

Dados da mais recente pesquisa sobre violência no Brasil mostram que, entre 2004 e 2006, a média proporcional de homicídios no Rio de Janeiro (44,8 por 100 mil) foi menor do que a de 204 outras cidades, sendo quase metade das de Foz do Iguaçu, Recife, Vitória e Macaé, e surpreendentemente menor do que Belo Horizonte, Cuiabá e que a minha querida Niterói, que considero tão segura. É quase o mesmo índice de Curitiba. Inaceitável? Sim. Coisa do outro mundo, milhas distante da realidade dos demais grandes centros urbanos brasileiros? Não, infelizmente.

O mesmo relatório mostra um elevado índice de homicídios na população jovem (102,2 por 100 mil), o que tem uma explicação: grande parte dos homicídios no Rio são relacionados a conflitos de tráfico de drogas. Não achei statísticas nacionais sobre assaltos, mas garanto que a média do Rio é comparável com a das outras capitais e grandes centros brasileiros (se alguém achar os dados, me manda o link por favor). Enfim, o Rio não é muito diferente da cidade onde (pela probabilidade) você mora.

Concluindo: sou a favor de se fazer piada sobre tudo e o exagero caricatural faz parte do humor. Mas que não se confunda piada com realidade.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Sobre amigos e inimigos

"Melhor um inimigo declarado que um amigo falso." — Provérbio grego
"Um inimigo inteligente é melhor que um amigo estúpido." — Provérbio africano
"Um amigo insincero e mau é mais temível que um animal selvagem; a fera pode ferir-lhe o corpo, mas o mau amigo pode lhe ferir a mente." — Buda
"Um adversário forte é melhor do que um aliado fraco." — Edward Dahlberg

quarta-feira, setembro 09, 2009

Os menores sucessos dos Beatles

Hoje é 09/09/09 e resolveram que este seria o dia dos Beatles por causa de estranhas relações dos rapazes de Liverpool com o número 9. Pra data não passar em branco, fiz uma lista que é uma espécie de "menores sucessos" dos Beatles. São músicas que eu gosto muito, mas que eu só fui conhecer depois que peguei a discografia deles pra ouvir. Nenhuma delas sequer foi lançada como single no Reino Unido, e apenas a primeira foi lançada nos EUA (e chegou à 14ª posição). Pra não listar músicas demais, vou me limitar a uma música por álbum. Vamos lá:

I Saw Her Standing There
Please Please Me (1963)
Lennon / McCartney


I Wanna Be Your Man
With The Beatles (1963)
Lennon / McCartney


I Call Your Name
Long Tall Sally EP (1964)
John Lennon (creditado como Lennon / McCartney)


Tell Me Why
A Hard Day's Night (1964)
John Lennon (creditado como Lennon / McCartney)


I'm a Loser
Beatles for Sale (1964)
John Lennon (creditado como Lennon / McCartney)


You've Got to Hide Your Love Away
Help! (1965)
John Lennon (creditado como Lennon / McCartney)


You Won't See Me
Rubber Soul (1965)
Paul McCartney (creditado como Lennon / McCartney)


For No One
Revolver (1966)
Paul McCartney (creditado como Lennon / McCartney)


A Day in the Life
Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band (1967)
Lennon / McCartney


The Fool on the Hill
Magical Mystery Tour (1967)
Paul McCartney (creditado como Lennon / McCartney)


Sexy Sadie
The Beatles (1968)
John Lennon (creditado como Lennon / McCartney)


Oh! Darling
Abbey Road (1969)
Paul McCartney (creditado como Lennon / McCartney)


I Me Mine
Let It Be (1970)
George Harrison

quinta-feira, julho 02, 2009

Convenção dos feridos por amor

Disposições gerais:

A - Em se considerando que está absolutamente correto o ditado "tudo vale no amor e na guerra";

B – Em se considerando que na guerra temos a Convenção de Genebra, adotada em 22 de agosto de 1864, determinando como os feridos em campo de batalha devem ser tratados, ao passo que nenhuma convenção foi promulgada até hoje com relação aos feridos de amor, que são em muito maior número;

Fica decretado que:

Art. 1 – todos os amantes, de qualquer sexo, ficam alertados que o amor, além de ser uma benção, é algo também extremamente perigoso, imprevisível, capaz de acarretar danos sérios. Consequentemente, quem se propõe a amar, deve saber que está expondo seu corpo e sua alma a vários tipos de ferimentos, e não poderá culpar seu parceiro em nenhum momento, já que o risco é o mesmo para ambos.

Art. 2 – Uma vez sendo atingido por uma flecha perdida do arco de Cupido, deve em seguida solicitar ao arqueiro que atire a mesma flecha na direção contrária, de modo a não se submeter ao ferimento conhecido como "amor não correspondido". Caso Cupido recuse tal gesto, a Convenção ora sendo promulgada exige do ferido que imediatamente retire a flecha do seu coração e a jogue no lixo. Para conseguir tal feito, deve evitar telefonemas, mensagens por internet, remessa de flores que terminam sendo devolvidas, ou todo ou qualquer meio de sedução, já que os mesmos podem dar resultados a curto prazo, mas sempre terminam dando errado com o passar do tempo. A Convenção decreta que o ferido deve imediatamente procurar a companhia de outras pessoas, tentando controlar o pensamento obsessivo "vale a pena lutar por esta pessoa".

Art. 3 – Caso o ferimento venha de terceiros, ou seja, o ser amado interessou-se por alguém que não estava no roteiro previamente estabelecido, fica expressamente proibida a vingança. Neste caso, é permitido o uso de lágrimas até que os olhos sequem, alguns socos na parede ou no travesseiro, conversas com amigos onde pode-se insultar o antigo(a) companheiro(a), alegar sua completa falta de gosto, mas sem difamar sua honra. A Convenção determina que seja também aplicada a regra do Art. 2: procurar a companhia de outras pessoas, preferivelmente em lugares diferentes dos frequentados pela outra parte.

Art. 4 – Em ferimentos leves, aqui classificados como pequenas traições, paixões fulminantes que não duram muito, desinteresse sexual passageiro, deve-se aplicar com generosidade e rapidez o medicamento chamado Perdão. Uma vez este medicamento aplicado, não se deve voltar atrás uma só vez, e o tema precisa estar completamente esquecido, jamais sendo utilizado como argumento em uma briga ou em um momento de ódio.

Art. 5 – Em todos os ferimentos definitivos, também chamados "rupturas", o único medicamento capaz de fazer efeito chama-se Tempo. Não adianta procurar consolo em cartomantes (que sempre dizem que o amor perdido irá voltar), livros românticos (cujo final é sempre feliz), novelas de TV ou coisas do gênero. Deve-se sofrer com intensidade, evitando-se por completo drogas, calmantes, orações para santos. Álcool só é tolerado em um máximo de dois copos de vinho por dia.

Determinação final: os feridos por amor, ao contrário dos feridos em conflitos armados, não são vítimas nem algozes. Escolheram algo que faz parte da vida, e assim devem encarar a agonia e o êxtase de sua escolha.

E os que jamais foram feridos por amor, não poderão nunca dizer: "vivi". Porque não viveram.

Texto de Paulo Coelho <http://www.warriorofthelight.com/port/edi161_conv.shtml>

quarta-feira, maio 27, 2009

Trava-línguas atual

Tropas europeias e da Eritreia tiveram a ideia de sentar a peia na Coreia. Miraram na assembleia, mas acertaram uma veia hebreia na veia, que virou geleia, e aí a coisa ficou feia.

O Jogo do Amor

Uma explicação matemática para a dificuldade de se encontrar um grande amor

por Rafael "Nash" Borges



"Amar é dar a alguém o poder de te ferir profundamente / ...e esperar que ele não o faça. / E nós nunca confiamos em alguém tão facilmente como o fizemos na primeira vez."
Clique para ampliar


"A Teoria dos Jogos é um ramo da Matemática Aplicada que é usado nas Ciências Sociais (notavelmente a Economia), Biologia, Engenharia, Ciências Políticas, Relações Internacionais, Ciência da Computação e Filosofia. Ela almeja analisar matematicamente o comportamento em situações estratégicas, nas quais o sucesso de um indivíduo ao fazer escolhas depende das escolhas de outros."[1] Assim diz a Wikipedia. Resumindo, na Teoria dos Jogos faz-se uma análise fria da situação, chamada de Jogo, e define-se quais estratégias maximizam as chances de sucesso de um jogador, ou ao menos minimizam suas chances de fracasso. Sendo os relacionamentos amorosos um tipo de situação beeeem estratégica, com dois (ou mais!) jogadores com objetivos bem definidos, a gente pode tratá-los como um Jogo e tascar matemática em cima. É o que vou fazer aqui, mas tomando uma abordagem mais pop, digamos assim, da Teoria dos Jogos do que matematicamente rigorosa.

Um Jogo muito conhecido é o do dilema do prisioneiro. Ele consiste no seguinte:

"Dois sujeitos são presos pela polícia. A polícia não tem evidências suficientes para uma condenação e, tendo separado ambos os prisioneiros, visita os dois para propor o mesmo acordo: se um dos suspeitos testemunhar contra (trair) o outro e este outro ficar em silêncio (cooperar com o outro), o traidor fica livre e o cúmplice calado recebe a sentença integral de 10 anos. Se ambos ficarem quietos, os dois são sentenciados a apenas 6 meses por um crime leve. Se ambos se traírem, cada um recebe uma pena de 5 anos. Cada prisioneiro deve escolher entre trair o outro ou permanecer em silêncio. A cada um é assegurado que o outro não vai saber sobre a traição até a investigação ser concluída. Como os prisioneiros devem agir?"[2]

Vamos pensar. Chamarei os dois prisioneiros de A e B. Sem perda de generalidade, vamos analisar primeiro qual decisão é mais vantajosa para A. O prisioneiro B só pode tomar duas atitudes. Se ele ficar quieto, A pega uma pena menor se trair (pena zero) do que se ficar quieto (6 meses). Por outro lado, se B o trair, A também pega uma pena menor se trair (pena de 5 anos) do que se ficar quieto (10 anos). Então, independentemente da decisão de B, é sempre mais vantajoso para o prisioneiro A trair do que cooperar. Logo, individualmente, a melhor estratégia é trair. O resultado deste Jogo, se ambos os prisioneiros estiverem cientes disto, é que A e B se traem, pegando cada um 5 anos de prisão.

Relacionamentos amorosos são muito parecidos com o dilema do prisioneiro. Inclusive, o termo "traição" não precisa nem de uma tradução para a situação XD Imagine: se nenhum namorado trai o outro, ambos têm que fazer algum esforço para manter a fidelidade, o que equivale a uma pena branda para os dois. Se apenas um trai, o outro se ferra feio (pena máxima). Se ambos se traem, feridas são abertas, mas não tão profundas (metade da pena). O que a Teoria dos Jogos diz é que o resultado racional de um namoro é que ambos os namorados se traiam! :O


Se sua namorada for racional, é melhor ir preparando a testa


Uma situação um pouco diferente e mais complicada é a questão de levar ou não um namoro a sério, no sentido de investimento emocional. Se ambos os namorados investem bastante emocionalmente no namoro, há um bom retorno para os dois (coisas que só um grande amor proporciona). Se ambos não se levam a sério, o retorno não é tão grande, mas ninguém se prejudica. Mas se um investe bastante e o outro não leva a sério, o que investiu se prejudica muito, enquanto que o outro até tem algum retorno.

Neste caso, não há um resultado racional previsto pela Teoria dos Jogos: se B investe, para A é melhor investir; mas se B não investe, é melhor para A não investir. Não existe uma estratégia individual ótima para A que seja independente da atitude tomada por B. Então, se A não sabe qual é a de B, a decisão de investir ou não no relacionamento fica a gosto de A. Se A for uma pessoa que prefere arriscar alto pra faturar alto, vai investir; se prefere correr poucos riscos e não se ferir, não vai levar o namoro a sério.

Superracionalidade: um modelo matemático para se jogar limpo

A perspectiva de se saber que o arranjo mais racional de um namoro vai te deixar com um belo par de chifres na testa não deve ter lhe agradado muito, certo, leitor? Pensando assim, o cientista Douglas Hofstadter criou o conceito de superracionalidade. Jogadores superracionais sempre cooperam com outros jogadores superracionais e todos eles seguem uma mesma estratégia que visa maximizar o retorno obtido no problema. Por exemplo, no dilema do prisioneiro, se A e B são superracionais então ambos vão ficar quietos, porque eles sabem que assim diminuirão a pena total (6 meses + 6 meses = 1 ano, que é menor que os 10 anos dos outros casos).

"Superracional" não é sinônimo de otário. Se um jogador superracional joga contra um jogador sabidamente racional, ele adota a estratégia racional de trair sempre. Se ele joga com um jogador que não se sabe superracional ou racional (ou mesmo irracional hehe), ele vai definir sua ação de acordo com a probabilidade de o outro jogador ser superracional.

No caso do problema do investimento no amor, se ambos os namorados forem superracionais os dois vão investir bastante no namoro. Se A é superracional e B é racional, A vai deixar claro que quer investir, assim B também vai investir (o que é a estratégia racional para o caso) e o ganho vai ser maximizado. O problema é se B não for superracional nem racional, mas um filho da puta mesmo. Mas aí não há teoria matemática que dê jeito — a única estratégia vencedora contra um jogador filho da puta é não entrar no jogo.

Mas quem quer jogar limpo?

Podemos separar as pessoas em 3 tipos: o virtuoso, que nunca adota de antemão uma estratégia que prejudique outra pessoa, mesmo que ele arrique a se prejudicar deste jeito; o filho da puta, que sempre quer levar vantagem em tudo; e o indeciso, que gostaria de ser um virtuoso, mas tem tanto medo de se prejudicar que acaba agindo como um filho da puta às vezes.

Não conheço a distribuição estatística destes 3 tipos na população mundial. Estimativas minhas (no chutômetro) variam entre 10%/90%/10% e 25%/50%/25% de virtuosos, indecisos e FDPs, respectivamente. Um estudo mostrou que 40% das pessoas cooperaram num experimento semelhante ao dilema do prisioneiro.[3] Se o estudo tiver valor estatístico, isto mostra que grande parte das pessoas é boa demais ou racional de menos para prejudicar um desconhecido, mas ainda se trata de menos da metade da humanidade. O que explica a dificuldade em se achar pessoas fiéis e que estejam dispostas a arriscar viver um grande amor.

Escolher entre não prejudicar ou não ser prejudicado é uma questão pessoal. Porém, se você prefere não ser prejudicado, não seja um filho da puta: seja uma pessoa racional. Não saia prejudicando todo mundo sem motivo. O mundo agradece. Da mesma forma, não seja um virtuoso apenas, seja superracional, se você prefere não prejudicar. Assim, você favorece a quem merece e não faz papel de otário. E saiba sempre com que tipo de jogador você está lidando, seja no namoro, seja na parceira de crimes. Isto evita muita dor de cabeça desnecessária :)

Só mais uma coisa

Que você, leitor, que ainda está à procura de um amor de verdade, possa encontrá-lo! Mas enquanto não encontra a pessoa certa, vá se divertindo com as erradas mesmo. Hehe

Rafael Borges é matemático, mas nunca estudou nada de Teoria dos Jogos. E sempre se atira de cabeça, com resultados nem sempre satisfatórios.

segunda-feira, maio 25, 2009

Água em Pó - "Meu Filho Virou Nerd"

Hoje é dia do Orgulho Nerd. Então resolvi fazer mais uma versão demo de "Meu Filho Virou Nerd" para comemorar a ocasião. Pra quem ainda não conhece, eu compus esta música em 1998, tempo em que a internet estava apenas começando no Brasil, não havia câmeras digitais nem muito menos Web 2.0. Heh, mal existia a 1.0. Computadores, a Grande Rede, isto era coisa para poucos, uma elite de párias intelectuais chamados de nerds. Hoje em dia, com Orkut e MSN, todo mundo é um pouco nerd, mesmo o playboyzinho da turma ou o mano da comunidade. Mas ainda há alguns mais nerds do que outros. Ahem.

Nerd!
Euzinho em 1999. Você pegaria? Nem eu.



Para ouvir a música, clique no ícone Play no tocador abaixo. Para baixá-la, clique aqui.



Meu Filho Virou Nerd
(Rafael Borges)

Meu amigo, o que é que eu faço?
O meu filho é um fracasso.
Ele não sai mais do quarto,
Só quer saber de computador.

Ele não quer fazer nada
E nunca dorme de madrugada.
Os seus olhos, sempre vermelhos,
Vivem colados no monitor.

Eu já cansei de repetir
"Desencana, sai daí.
Vê se arranja uma namorada.
Você precisa se divertir."

O meu filho virou um nerd
Viciado na Internet.
Ele era tão bonzinho...
Meu Deus do céu, onde eu errei?

E ele fica o dia inteiro
Desperdiçando o meu dinheiro.
A minha conta tá lá em cima.
Você não sabe o que eu já passei!

sábado, maio 16, 2009

Be Your Own Pet - "Becky"

Hoje tava no trabalho, esperando um processo terminar (leia-se, fazendo porra nenhuma na hora) e peguei um caderno cultural desses de jornal, mas bem antigo (no escritório tem um monte destes). Aí, na parte do caderno que sempre fala daquelas bandinhas badaladinhas que ninguém ouve, li uma matéria sobre uma banda chamada Be Your Own Pet, dizendo que eles lançaram o segundo disco e 20 minutos depois anunciaram o fim da banda. "Que porra é essa?", pensei. Como estou numa fase muito aventureira, destorci meu nariz e resolvi dar uma chance pra esta banda.

E, cara. Cara. No momento estou na metade do primeiro disco deles, e já virei fã. Vocês sabem, estas bandas dos anos 2000 dão menor destaque pra melodia vocal e se concentram mais nos riffs de guitarra e em batidas sujas e dançantes. O que não me atrai tanto — gosto mesmo é de melodias bem construídas. BYOP não foge do paradigma atual. No entanto, gostei. Porque nenhuma outra banda (que eu tenha ouvido, pelo menos) ousou levar estas características tão ao extremo, com uma energia roqueira que transborda em cada uma das músicas. BYOP é tudo o que um White Stripes ou um Yeah Yeah Yeahs gostariam de ser, mas não conseguem (ou, pelo menos, o que eu gostaria que eles fossem, mas não são). A guitarra é deliciosamente suja, a bateria é frenética e a vocalista, Jemina Pearl, arrebata.

Bom, pelo menos era assim. Porque, como eu disse, a banda acabou. Maldita mania que eu tenho de gostar das coisas só depois que elas acabam :S

Aí vai uma música deles, que fiquei ouvindo direto hoje. Ela não representa muito as características que falei, mas é muito legal e tem uma letra estilo "Capricho gone nuts".



Becky

BFF and you're such a good friend
But I knew it couldn't last 'til summer's end
You signed my yearbook and that was pretty rad
But now I'm getting sick of you and it's just too bad

I heard you talked a lot of shit about me
To your new best friend

(Becky) Doesn't matter anyway
(Becky) 'Cause I've found a brand new friend, okay
(Becky) Me and her, we'll kick your ass
(Becky) We'll wait with knives after class

But you know, I gotta say
I really loved going to your slumber party
It's too bad you got so lame
You told my secrets and it caused me a lot of pain

Now give me back all the clothes you borrowed
Don't give me bullshit, bring 'em to school tomorrow
I can't believe I told you all about my secret crush
I wish I could take it back now that you broke my trust

It was great how you made me a friendship bracelet
But I didn't know you made one for Becky's face lift
You know now everyone hates me a whole bunch
Just because I made you cry a little bit at lunch

But I don't feel bad
'Cause they don't know what we had

(We don't like Becky anymore)

Now I'm going to juvey for teenage homicide
It'll would've been cool if you stayed by my side
Then you'd know that you wouldn't have had to die
And now every single night I cry

If only what you wrote in my yearbook was true
Then I wouldn't be stuck in fucking cell block 2
But I don't regret what I've done
'Cause in the end it was fun