O vídeo da campanha
Pois bem. Não sou do tipo que não entende que uma coisa é piada, portanto o que vou dizer aqui não tem a ver com os tweets irônicos em si (mesmo com os sem graça). Mas reconheço que me incomodo com o fato de algumas pessoas realmente acharem que só de pisarem no Rio de Janeiro estão assinando uma sentença de morte. Tem gente que acha mesmo que é preciso desviar de balas perdidas e cadáveres quando se anda nas calçadas, que ir à praia é pedir pra sofrer um arrastão ou que se andar sozinho no ônibus vai inevitavelmente ter uma arma apontada na cara. Nada mais absurdo.
O fato é que o vídeo da campanha não é menos real (ou "mais ficção", se preferir assim) do que a impressão que se tem de que o Rio é a capital da violência, terra sem lei. Tudo o que foi exibido no vídeo acontece diariamente na paisagem carioca. Não era preciso nem encenar (exceto os anéis olímpicos na praia, claro). O Rio é uma cidade linda, culturalmente rica, de um povo alegre e cordial, multifacetada, cheia de lugares e coisas interessantes para ver. A violência é um problema grave e real, sim. Mas não é, como muitos são levados a pensar, algo que tome conta da vida do carioca, a não ser, infelizmente, da parcela da população que vive em zonas de conflito de tráfico. O medo, a sensação de insegurança, estes sim tomam conta de nossas vidas. A causa deste medo são os episódios reais de violência a acontecer conosco, com nossos amigos e vizinhos (mais frequentes do que se pode aceitar, mas menos do que se imagina de fora) e a louvavelmente ampla, embora algumas vezes sensacionalista, cobertura da imprensa.
Dados da mais recente pesquisa sobre violência no Brasil mostram que, entre 2004 e 2006, a média proporcional de homicídios no Rio de Janeiro (44,8 por 100 mil) foi menor do que a de 204 outras cidades, sendo quase metade das de Foz do Iguaçu, Recife, Vitória e Macaé, e surpreendentemente menor do que Belo Horizonte, Cuiabá e que a minha querida Niterói, que considero tão segura. É quase o mesmo índice de Curitiba. Inaceitável? Sim. Coisa do outro mundo, milhas distante da realidade dos demais grandes centros urbanos brasileiros? Não, infelizmente.
O mesmo relatório mostra um elevado índice de homicídios na população jovem (102,2 por 100 mil), o que tem uma explicação: grande parte dos homicídios no Rio são relacionados a conflitos de tráfico de drogas. Não achei statísticas nacionais sobre assaltos, mas garanto que a média do Rio é comparável com a das outras capitais e grandes centros brasileiros (se alguém achar os dados, me manda o link por favor). Enfim, o Rio não é muito diferente da cidade onde (pela probabilidade) você mora.
Concluindo: sou a favor de se fazer piada sobre tudo e o exagero caricatural faz parte do humor. Mas que não se confunda piada com realidade.
4 comentários:
Os caras do Casseta & Planeta são fora de série. Foram criadores e espalhadores de memes que se consagraram nacionalmente, entrando de tal forma no inconsciente do brasileiro que viram verdades culturais. Eles divulgaram nacionalmente a piadinha do "conhece o Mário?", gírias como "boiola" e "fala sério" e a regra do rapaz criado pela avó. Foram os pioneiros na tiração de sarro com o Rubinho. Cariocas, também foram os primeiros a fazer piadas de balas perdidas e assaltos no Rio. http://www.youtube.com/watch?v=y0zJdg9o9UU Eles mereciam uma medalha de honra ao mérito da câmara de vereadores.
Ótimo post!
Assino embaixo! ;)
Milênios depois da postagem, eis o comentário! xD
Bom, piadinhas a parte, o problema é que a maioria das pessoas só tem informações do Rio pela tv, e o que passa na tv geralmente é ruim! Teve uma colega de trabalho que quando eu disse que ia passar uns dias no Rio, ela quase chorou, porque a imagem que ela tem da cidade é do Jornal Nacional. E como diz o Homer, a tv não mentiria pra mim! xD
Mas sabe que o que realmente me assusta aí e me incomoda é o trânsito, esse sim eu achei bem agressivo! =S
"Teve uma colega de trabalho que quando eu disse que ia passar uns dias no Rio, ela quase chorou"
Hehehehehe, eu tenho que rir disto pra não chorar.
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